quarta-feira, 26 de junho de 2013

Os problemas do Brasil: a culpa é toda sua!

Escolas sucateadas, professores mal pagos e sem qualificação, hospitais em condições precárias: e ainda há quem diga que as multidões que protestam por todo o Brasil não têm uma causa a reivindicar a não ser os R$ 0,20 de reajuste da passagem de ônibus. O aumento das tarifas do transporte público nas principais capitais brasileiras foi apenas a ponta do iceberg.

Lamentavelmente chegou-se a esse caos. Isso sem contar os escândalos diários de corrupção que diariamente envolvem políticos em todo o pais. A maioria dos casos, infelizmente, impunes. A grande questão é por que somente agora o "gigante acordou"? Ou melhor: por que deixar tudo chegar a este ponto?

Se você, cidadão brasileiro, é aquele que diz que não quer ouvir nem falar em política, não procura saber sobre o andamento do trabalho do vereador em que você votou na última eleição, não participa sequer da eleição do seu condomínio, elege e reelege corruptos, permita-lhe colocar uma conclusão: VOCÊ é o culpado de toda essa situação! Cidadão de verdade cobra de seu político melhorias, fiscaliza suas ações, participa de ações comunitárias e decisórias em prol de seu bairro ou cidade e se interessa (e muito) por política.

Todo essa situação caótica e deficitária poderia ser diferente se o povo não se acomodasse e cobrasse mais, ou seja, exercesse de fato sua cidadania. Felizmente e finalmente, o povo acordou. Que esse despertar não seja um "fogo de palha" e que as reivindicações sejam feitas de maneira coesa, séria e, principalmente, sem apelação para o vandalismo e violência. E que nossos representantes, enfim, ouçam os apelos por um país verdadeiramente sem pobreza e desigualdade.

Boa luta, Brasil!

Que juventude é essa?

Marcelo Ridenti*

De modo inesperado, tomaram as ruas os netos da Marcha da Família com Deus pela Liberdade de 1964 e da Passeata dos Cem Mil de 1968. Os filhos dos que apoiaram a eleição de Collor em 1989 e dos que se manifestaram por seu impeachment em 1992. Todos contraditoriamente juntos.

Claro, em outro contexto. Diversidade de insatisfações com sinais ideológicos misturados, que se expressam também nas várias interpretações, cada qual identificando no movimento a realização dos próprios desejos e tentando influenciá-lo.

Setores de esquerda encantaram-se com o que lhes pareceu o início de uma revolução espontânea, mas ficaram embasbacados com as hostilidades sofridas, não por parte da polícia, mas de alguns anticomunistas. Adeptos do PT, percebendo que o movimento redunda em questionamentos variados a seus governos, tendem a reduzi-lo ao caráter fascista de certos manifestantes.

Os conservadores -inclusive na imprensa, sobretudo televisiva- ressaltam os protestos ordeiros contra a corrupção, tentando restringir o movimento a um aspecto pontual, como se todas as mazelas da ordem constituída se devessem à malversação das verbas públicas pelo PT.

Por sua vez, os defensores de causas como a tarifa zero sonham que a multidão está envolvida numa nova democracia horizontal e plebiscitária, pacificamente movida a internet, mas também se assustaram com a ferocidade de alguns grupos.

Em todos os pontos de vista, há algo de verdade e mistificação. O enigma começa a ser resolvido com a pergunta: quem se lança às ruas? Ao que tudo indica até o momento, são principalmente setores da juventude, até há pouco tida como despolitizada, e que não deixa de expressar as contradições da sociedade.

Parece tratar-se de uma juventude sobretudo das camadas médias, beneficiadas por mudanças nos níveis de escolaridade, mas inseguras diante de suas consequências e com pouca formação política.

Dados do MEC apontam que há hoje cerca de 7 milhões de universitários. O acesso ao ensino superior praticamente dobrou em uma década. Em 2000, eram admitidos anualmente 900 mil calouros. Em 2011, quase 1,7 milhão. Dois terços no ensino privado.

A título de comparação, tome-se a década das manifestações estudantis. Em 1960, havia 35.909 vagas disponíveis no ensino superior, número que saltou para 57.342 em 1964, ano do golpe de Estado, chegando a 89.582 no tempo das revoltas de 1968, a maioria no ensino público. Em termos absolutos, a evolução foi enorme. Não obstante, apenas 15% dos brasileiros com idade para estar na faculdade cursam o ensino superior.

Quanto à origem dos universitários, muitos compõem a primeira geração familiar com acesso ao ensino superior. Outros são de famílias com capital cultural e/ou econômico elevado, atônitos com a ampliação do meio universitário.

No que se refere às expectativas, parece haver o temor de alguns de não poder manter o padrão de vida da família e de outros de não ver realizada sua esperada ascensão social.

Produziu-se uma massa de jovens escolarizados, com expectativas elevadas e incertezas quanto ao futuro, sem encontrar pleno reconhecimento no mercado de trabalho nem tampouco na política. Ademais, detecta-se insatisfação com o individualismo exacerbado.

Em suma, um meio social efervescente em busca de causas na era da i(nc)lusão pelo consumo, em meio à degradação da vida urbana.

E por onde andam os 70% de jovens de 18 a 24 anos que não estão na escola? Alguns, no mercado de trabalho precarizado. Outros compõem o chamado "nem nem", nem escola nem trabalho. Massa ressentida que em parte também integra as manifestações.

No ano que vem, completam-se os 50 anos do golpe de 1964, cuja bandeira ideológica era o combate aos políticos e à corrupção. O risco está dado novamente? Por sorte, as manifestações trazem também reivindicações por liberdades democráticas, busca de reconhecimento e respeito, tocando num aspecto central: a luta pelo investimento em transporte, saúde e educação, contra a apropriação privada do fundo público.

Chegaram ao limite as possibilidades de mudança dentro das estruturas sociais consolidadas no tempo da ditadura e que não foram tocadas após a redemocratização? Será possível aperfeiçoar a democracia política, também num sentido social? Abre-se um tempo de incertezas.


* O autor do texto acima é professor titular de sociologia na Universidade Estadual de Campinas e autor de "O Fantasma da Revolução Brasileira".

- Artigo publicado originalmente no site do jornal Folha de S.Paulo

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Jairo Jorge para governador?

O colunista Paulo Santana emitiu, na edição de hoje do jornal Zero Hora, sua opinião a respeito da candidatura do PT ao governo do Estado do RS na eleição do próximo ano. Para Santana, Tarso Genro não deveria concorrer à reeleição, cabendo aos petistas indicarem o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, ao Piratini. Segundo ele, Jorge é "dono de uma inteligência e sensibilidade incomuns" e que "se ele vier a governar o Rio Grande do Sul, acabará se tornando o melhor governador" da história do Estado.

É lógico que trata-se apenas uma cogitação levantada, pois já é dada como certa a indicação de Tarso Genro à reeleição. Mas, caso a proposta viesse a se concretizar, como ficaria a gestão canoense sem o PT no comando? A vice-prefeita, Beth Colombo, do PP, assumiria a prefeitura até a próxima eleição municipal, em 2016, e a base dos petistas poderia estar ameaçada. Sendo assim, é praticamente descartada a hipótese de indicar Jairo ao governo do RS.

Independende da concretização ou não da indicação do prefeito canoense ao Piratini, o fato é que o petista não poderá se candidatar à prefeitura novamente, visto que ele está em seu segundo mandato consecutivo. Resta a dúvida: como ficará a grande aliança articulada por Jairo - o BOM (Bloco do Orgulho Municipal, formado pelos partidos PT, PP, PR, PDT, PPS, PSL, PSB, PC do B, PPL, PTC, PMDB, PRB, PRP, PSD, PTB e PRTB - no próximo pleito municipal?

Articulações políticas sinalizam a indicação, por parte do PT, do deputado estadual Nelsinho Metalúrgico à liderança da chapa. No entanto, há quem garanta que, se assim acontecer, PP e PTB deixariam a aliança para apoiar a candidatura do deputado federal Luiz Carlos Busato (PTB) em uma dobradinha, havendo, ainda, a possibilidade de apoio por parte do PSDB, atual partido de oposição ao BOM.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Porto Alegre acolhe fórum de secretários de administração das capitais brasileiras

Desde ontem, 5, a Capital gaúcha recebe a 60ª edição do Fórum Nacional das Secretarias Municipais de Administração das Capitais, o Fonac, evento com a duração de quatro dias, que recebe secretários e representações de gestores municipais de todos as prefeituras das capitais dos estados brasileiros. O Fonac é um fórum permanente, com sede executiva em Vitória (ES), que realiza seus encontros alternadamente em cada capital. Em novembro do ano passado ocorreu em São Paulo. Em Porto Alegre não acontecia desde 2006.

O secretário de Administração de Porto Alegre, Elói Guimarães, é o vice-presidente do fórum e destaca a importância do compartilhamento de ideias e informações entre secretários e pessoas que atuam na gestão pública.

Contudo, o que mais mais chama a atenção na organização do evento é que o 60º Fonac é realizado com patrocínio de empresas, gerando custo zero aos cofres públicos das prefeituras das capitais brasileiras. Um bom exemplo a ser seguido...

quarta-feira, 5 de junho de 2013

"Faroeste Caboclo com Santo Lula"

A história do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva retratada em paródia (da canção "Faroeste Caboclo", da banda Legião Urbana) e em sequência de desenhos feitos à mão: é o que propõe a criação em vídeo de um grupo intitulado "Revoltados On Line" no You Tube.

Assim como a canção original, são quase 10 minutos de versos adaptados numa voz parecida com a de Renato Russo, no qual são retratados fatos como o ingresso de Lula na política (como líder sindicalista no ABC paulista), a adesão a ideias comunistas, o nascimento do PT, a ascensão à presidência, o escândalo do mensalão e o processo de projeção de Dilma Rousseff à sucessão do líder petista. O vídeo já soma mais de 480 mil visualizações na internet, tornando-se fenômeno também nas redes sociais.

Apesar de algumas "acusações" contra o ex-presidente, apresentadas pelo vídeo, ainda estarem em investigação e não haver a devida comprovação dos fatos, a ilustração esbanja criatividade tanto na letra parodiada quanto nas animações feitas à mão e editadas em sequência, trazendo também uma reflexão sobre o cenário político brasileiro, carente de uma reforma que reprima todas as possibilidades de corrupção em prol de interesses e da tal "governabilidade".

Confira:


Ambientalistas ou político-partidários?

O colunista do Jornal do Comércio, Fernando Albrecht, trouxe, na edição de hoje da publicação, uma reflexão na qual questiona o comportamento de algumas entidades ambientalistas quanto a ações de protesto contra obras importantes e vitais para o desenvolvimento e progresso (nem tão nocivas assim ao meio ambiente), enquanto outras obras de grande relevância e impacto ambiental não são criticadas. Abaixo, o texto publicado pelo colunista na íntegra:

"Não dá para entender algumas entidades ambientalistas e seus militantes. Foram contra a duplicação da avenida Beira-Rio, mas não estão nem aí para o estaleiro que vai montar plataformas da Petrobras em área contígua ao Cais Mauá, em pleno Centro de Porto Alegre." (Jornal do Comércio, edição do dia 05/06/2013, página 3)

Essas movimentações de ambientalistas contra obras importantes de mobilidade da Capital gaúcha não teriam cunho político-partidário infiltrado? Se a resposta for positiva, com certeza, é hora de se rever conceitos. Trancar ações de melhorias na cidade, além de dar "tiro no pé", é deixar o governante na situação de "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come": se a administração não resolve problemas de mobilidade,  é incompetente; se decide resolver, é "agressora" da natureza. Vai entender...

Cassiá Carpes de mudança para o PP

O deputado estadual Cassiá Carpes (PTB) está de mudança para o Partido Progressista (PP). Após um longo tempo de “namoro” com os progressistas, Carpes definiu na última semana o seu destino. O fator determinante para a troca de sigla é a forte presença do PP no Estado e a candidatura da senadora Ana Amélia Lemos ao Piratini em 2014. Cassiá há tempos criticava a existência de uma “zona de conforto” no PTB e a falta de protagonismo do partido em lançar um nome ao governo do Estado.

Em tempo: cresce o número de filiados no PTB descontentes com os rumos tomados pela sigla nos últimos meses. Muitas dessas pessoas, inclusive, militantes antigas.